O livro Poemas temáticos e um itinerário irregular resulta, por um lado, da organização de um conjunto de textos à volta de alguns temas, ideias e conceitos polarizadores. Por outro, e opostamente, é consequência do facto de não existir entre um segundo conjunto de poemas qualquer especial conexão ou proximidade temática: neste caso, estes textos são apenas a expressão e a explosão momentânea de alguma emoção que se quis escrita e se fez risco e palavra no papel, aparecendo os poemas como não tendo entre si qualquer relação.
Estas Rimas ˗ para usar um étimo arcaico caro a Camões ou melhor aos que organizaram, postumamente, as suas líricas, e que é também o nome que, depois, Bocage deu aos três volumes das suas poesias – chegam ao prelo muitos e muitos anos depois de escritas: tantos que hoje o seu autor dificilmente se reconhece como o autor delas.
Tal como o poeta Ovídio – então exilado em Tomis, nome antigo de Constanta, nas margens do Mar Negro – dirigia-se a um dos seus livros de elegias que enviava para Roma, recorrendo para tanto ao recurso figural da apóstrofe oratória, também eu, citando de Tristia, escrevo agora: “(…) meu livro parte indiferente à opinião. Não tenhas pudor por desagradar”. E dessa obra de Ovídio, lembro ainda a conceção do poeta sobre a função da poesia na época do seu exílio no Ponto Euxino: “Procuro na poesia o esquecimento das minhas misérias (…)”.
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